Abstract:
A temática das ações afirmativas e das cotas nas universidades encontra-se frequentemente em discussão na sociedade, tornando-se necessário ouvir os sujeitos diretamente envolvidos nesse processo e atentar para suas percepções e sentimentos quanto à sua inserção no ensino superior, enquanto acadêmicos indígenas. O presente trabalho surge das inquietações da pesquisadora sobre estar-se fazendo justiça, efetivamente, aos povos indígenas, reparando séculos de discriminação, por meio das ações afirmativas de uma universidade, com base em sua função de oportunizar condições de igualdade e cidadania a indivíduos que se encontram a margem da sociedade. Com base num aporte teórico que envolve os conceitos de reconhecimento social e identidade moderna, de Taylor, bem como os de reconhecimento e redistribuição, considerando as dimensões do reconhecimento intersubjetivo de Honneth e o princípio da paridade de participação de Fraser, objetiva-se compreender o processo de inserção indígena na Universidade Federal do Rio Grande - FURG, a partir da luta pelo reconhecimento de sua identidade. A base empírica deste trabalho está alicerçada em uma pesquisa qualitativa, cuja estratégia é o estudo de caso, realizado por meio de entrevistas, observações e sobretudo no diálogo e na escuta dos acadêmicos indígenas dos cursos de graduação da FURG em atividades da Universidade que discutem sua inserção. Os resultados apontam um esforço institucional para a inserção indígena na Universidade, reconhecido, inclusive, pelos próprios estudantes indígenas, por meio de ações afirmativas voltadas, especialmente, à sua permanência. No entanto, sinalizam também para as situações discriminatórias e preconceituosas vivenciadas no ambiente acadêmico, ainda nos dias de hoje. Mesmo que em um ritmo menor, estas refletem a necessidade da luta constante pelo reconhecimento da identidade indígena, evidenciada, inclusive, entre eles mesmos, os acadêmicos indígenas.
The subject of affirmative action and quotas in universities is often under discussion in society, becoming necessary to listen to the subjects directly involved in this process and to pay attention to their perceptions and feelings about their insertion in higher education as indigenous academics. The present study arises from the researcher's concerns about being effectively doing justice to indigenous peoples, repairing centuries of discrimination, through the affirmative actions of a university, based on their function of providing conditions of equality and citizenship to individuals who the margin of society. Based on a theoretical contribution that involves the Taylors concepts of social recognition and modern identity, as well as those ones of recognition and redistribution, considering the Honneths dimensions of intersubjective recognition and the Frasers participation parity principle, the objective is to understand the process of indigenous insertion in the Federal University of Rio Grande - FURG, from the struggle for the recognition of their identity. The empirical basis of this work is grounded on a qualitative research, which strategy is a case study, conducted through interviews, observations and, above all, in the dialogue and listening of the indigenous scholars of the undergraduate courses of FURG in university activities that discuss their insertion. The results point to an institutional effort for the indigenous insertion in the University, recognized, even, by the indigenous students themselves, through affirmative actions focused especially on their permanence. However, they also point to the discriminatory and prejudiced situations experienced in the academic environment, even today. Even at a lower rate, these ones reflect the need for a constant struggle for the recognition of indigenous identity, evidenced even among indigenous scholars.
