Conhecer o modo de vida e as plantas utilizadas por moradores de ecovilas do Rio Grande do Sul, Brasil

Assis, Helen Alves de

Abstract:

 
O Brasil, além de apresentar uma das maiores taxas de diversidade biológica do planeta, é um dos países de maior diversidade cultural. Muitos dos integrantes desse patrimônio cultural são comunidades que habitam áreas ainda preservadas do território brasileiro e caracterizam-se por utilizar os recursos da natureza como fonte de subsistência. Dessa forma, essas comunidades possuem uma estreita relação com o meio ambiente e detêm valiosos conhecimentos associados. Nessa perspectiva, as ecovilas são modelos sustentáveis de assentamento humano, ou seja, são grupos intencionais que possuem uma abordagem de uso da terra diferenciado do modo de vida da sociedade urbano-industrial. Essas comunidades são fundamentadas em princípios básicos de duas ciências ambientais: permacultura e agroecologia. Dessa forma, esse trabalho tem como objetivo realizar um levantamento etnobotânico em três ecovilas situadas no estado do Rio Grande do Sul a fim de melhor entender a relação entre essas comunidades e as plantas, o modo como são utilizados os recursos vegetais disponíveis, além de ampliar os conhecimentos a respeito desse modo de vida alternativo. A metodologia para coleta dos dados foi através de observação participante, conversas informais e aplicação de questionário semi-estruturado aos moradores destas comunidades. Da riqueza vegetal, foram identificadas 211 espécies e/ou variedades, correspondendo a 65 famílias botânicas. As famílias mais significativas foram Asteraceae (35,38%) e Fabaceae (26,15%). As plantas foram agrupadas em 7 categorias de uso. A categoria que apresentou maior ocorrência foi alimentícia (67,92%), seguida de medicinal (19,81%). No sentido de promover um balanço energético positivo e um desenvolvimento sustentável em suas comunidades, observou-se a eficiente aplicação dos princípios da permacultura e agroecologia em questões como construções ecológicas, uso de energias natural e reciclável, produção de alimentos orgânicos, cultura, economia e comércio. Assim, pode-se dizer que conhecer o modo de vida dessas comunidades mostra novas perspectivas de como os seres humanos podem criar uma relação de simpatia ativa na ação de (res)guardar, acudir, (a)colher a terra, redescobrindo as relações saudáveis e sustentáveis consigo mesmas, e com o planeta.
 
Brazil contains one of the highest rates of biological diversity of the planet, besides being one of the most culturally diverse countries. Many of the members of this cultural heritage are communities that inhabit areas that still preserved in Brazil and are characterized by using the resources of nature as a source of livelihood. Thus, these communities have a close relationship with the environment and hold valuable knowledge associated. In this perspective, the ecovillages are models of sustainable human settlement, it means, they are intentional groups that use the land differently from the life model of urban industrial society. These communities are based on basic principles of two environmental sciences: permaculture and agroecology. Thus, this study aimed do an ethnobotanical survey in three ecovillage located in the state of Rio Grande do Sul in order to better understand the relationship between these populations and the plants, how they utilize the available plant resources, and expand knowledge about this alternative way of life. The methodology for data collection was through participant observation, informal conversations and application of semi-structured questionnaire to community residents. About the species richness were identified 211 species, corresponding to 65 botanical families.The most important families were Asteraceae (35,38%) and then Fabaceae (26,15%). The plants were grouped into 7 use categories. The category with the highest occurrence was food (67,92%), followed by medicinal(19,81%). In order to promote a positive energy balance and sustainable development in their communities, it was noticed the principles of permaculture and agroecology be applied in issues such as green building, use of natural and recyclable energy, organic food production, culture, economy and trade. So, knowing the way of life of these communities shows to new perspectives of how human beings can create a sympathetic relationship in action to care and save the earth, rediscovering the healthy and sustainable relationships with themselves and the planet.
 

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