Abstract:
Na ontogenia do viver as memórias podem ser usadas como referencial para dar sentido aos conhecimentos tratados no processo de formação profissional. Ao ressignificar saberes, a produção de um mundo de significados emerge das relações que os sujeitos estabelecem com o meio. A formação de um fisioterapeuta é atrelada à construção de saberes declarativos e procedimentais. O presente estudo visou investigar como os engramas procedurais produzidos na experiência do viver e na formação em Fisioterapia contribuem na constituição de sujeitos cognoscentes. Para responder ao problema da pesquisa foi realizado um estudo com 100 acadêmicos de um curso de Fisioterapia de uma Instituição de Ensino Superior do Rio Grande do Sul. Como procedimentos metodológicos foram aplicados: um questionário fechado; três testes físicos: força muscular, flexibilidade muscular e de agilidade e equilibração dinâmica; uma observação sistemática e um questionário aberto. Os resultados foram analisados de forma quanti-qualitativa, através do programa Statistical Package for the Social Science (SPSS, versão 13.0; Inc., Chicago, IL, EUA) e pela técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. A análise mostrou a experiência procedural como elemento de interferência no processo de formação de um fisioterapeuta, e que os acadêmicos que apresentavam maior histórico em experiências motrizes, assumiam um comportamento mais ativo na formação, utilizando as próprias disposições corporais para dar sentido aos saberes teóricos de seu campo de formação, bem como, ampliavam a produção de competências motoras. Os alunos que apresentavam baixo histórico de experiências motrizes assumiam um comportamento de passividade e ao negar o experienciar do corpo comprometiam o emergir de outros significados pelo seu sistema perceptual. A pesquisa mostrou que quando os alunos assumem uma atitude atuacionista na formação profissional, por meio de um processo dinâmico e recursivo, emergem ressignificações atualizadas de suas compreensões iniciais, os permitindo se modificar cognitivamente através de experiências manipulativas de um corpo presente.
In the ontogeny of living, memories can be used as a reference to give meaning to knowledge pertaining to the professional training process. By giving knowledge a new meaning, the production of a world of meanings emerges from the relationships that individuals set up with the environment. The qualification of a physiotherapist is linked to the development of declarative and procedural knowledge. This study aimed to investigate how the procedural memories produced through living experience as well as through the Physiotherapy major contribute to the constitution of cognitive individuals. In order to discuss this subject matter, a study comprising 100 university students from a Physiotherapy major of a Higher Education Institution in Rio Grande do Sul state was carried out. The methodological procedures applied to this study were: a closed questionnaire; three physical tests: muscular strength, muscular flexibility and agility and dynamic balance; a systematic observation and an open questionnaire. The results were analyzed qualitatively and quantitatively through the Statistical Package for Social Science (SPSS, version 13.0, Inc., Chicago, IL, USA) and through the Collective Subject Discourse technique. The analysis showed the procedural experience as an element of interference during the training process for a physiotherapist. Moreover, the university students, whose motor experiences showed higher background, assumed a more active behavior during the training process, using their own corporal dispositions to give meaning to the theoretical knowledge in their field of training as well as expanded the production of motor skills. Students who had low background motor experiences assumed passive behavior and by denying the experience of the body, they impaired the emergence of other meanings by their perceptual analysis. The research showed that when students assume taking a stand during the professional training process by means of a dynamic and recursive process, updated new meanings to their initial understandings emerge allowing them to change cognitively through manipulative experiences of a physical body.
