Efeitos da salinidade sobre ovos, larvas e juvenis do linguado Paralichthys orbignyanus

Freitas, Luciano de Siqueira

Abstract:

 
O objetivo desse trabalho foi avaliar os efeitos da salinidade sobre a fertilização artificial e o cultivo de larvas e juvenis do linguado Paralichthys orbignyanus. Foi avaliada a influência da salinidade (10, 15, 25 e 35) sobre a fertilização artificial dos óvulos. Na salinidade 10, não houve fertilização, mas a partir da salinidade 15, as taxas de fertilização foram diretamente proporcionais à salinidade, sendo iguais a 15, 40 e 75% nas salinidades 15, 25 e 35, respectivamente. Apesar de ter ocorrido fertilização nestas três salinidades, a eclosão das larvas ocorreu somente na salinidade 35. Foi avaliada a resistência de larvas (6 e 16 dias de idade) e de juvenis (30, 45 e 60 dias de idade) de linguado à água doce. Nenhuma larva com 6 dias de idade sobreviveu à água doce, sendo que a sobrevivência das larvas com 16 dias de idade foi de 93%. Nenhuma mortalidade de juvenis foi observada durante este experimento. O efeito de diferentes salinidades (5, 10, 20 e 30) sobre a sobrevivência, o crescimento e o tempo de assentamento de larvas de linguado foi avaliado. Nenhuma larva sobreviveu à salinidade 5, mas a partir da salinidade 10, a sobrevivência aumentou proporcionalmente com o aumento de salinidade. Na salinidade 10 foi detectado um menor crescimento (P<0,05) em relação às salinidades 20 e 30, que foram semelhantes entre si (P>0,05). A salinidade não afetou o tempo de assentamento dos indivíduos, pois todos iniciaram o processo de assentamento 23 dias após a eclosão e este processo foi concluído 30 dias após a eclosão em todas as salinidades. A sobrevivência e o crescimento de juvenis cultivados nas salinidades 0, 5, 10 e 30 foram estudados. A salinidade não afetou a sobrevivência dos juvenis (P>0,05), entretanto o crescimento dos juvenis cultivados na salinidade 10 foi significativamente maior (P<0,05) do que os demais, enquanto que os cultivados em água doce apresentaram o menor crescimento (P<0,05). Os resultados obtidos indicam que a dependência do linguado por salinidades elevadas é inversamente proporcional à sua idade, sendo necessária água oceânica (salinidade 35) para sua reprodução e água salobra (salinidade 20) para sua larvicultura, enquanto que seus alevinos podem até ser cultivados em água doce, sem prejuízo para sua sobrevivência, apesar do crescimento ser maior em água de salinidade 10.
 
The effects of salinity on artificial egg fertilization, and larval and juvenile rearing of the Brazilian flounder Paralichthys orbignyanus were evaluated. Fertilization was directly proportional to salinity, with exception of eggs exposed to salinity 10, because in this case fertilization was not achieved. At salinities 15, 25, and 35 the fertilization rates were 15, 40, and 75% respectively. However, no larvae emerged from eggs fertilized at salinities 15 and 25 as they sank to the bottom, larvae hatched only in salinity 35. The resistance to freshwater was evaluated with larvae (6 and 16 days after hatching, d.a.h.) and juveniles (30, 45 and 60 d.a.h.). Early larvae (6 d.a.h.) did not survive in freshwater, but 93% of the older larvae (16 d.a.h.) survived an 96 h exposition to freshwater. No mortalities were observed for the juveniles, independent of their age. The effects of salinity (5, 10, 20 and 30) during the larviculture were studied. Larvae did not resist for 10 days at salinity 5, but survival increased proportionally with salinity. Growth was reduced at salinity 10 (P<0.05) when compared to larvae reared at salinities 20 and 30, which were not significantly different (P>0.05). Salinity had no effect on the time for settling, all larvae began to settle 23 d.a.h. and finished the settling process 30 d.a.h. in all salinities tested. Survival and growth of juvenile reared in salinities 0, 5, 10 and 30 were also studied. Salinity had no effect on juvenile survival (P>0.05), but growth was hampered in freshwater. The highest growth rate was observed at salinity 10, which is close to the isosmotic point of the species, and growth of juvenile reared at salinity 5 and 30 were not significantly different (P>0.05). The results obtained in these studies indicate that the Brazilian flounder rely on salt water (salinity 35) for reproduction, and thereafter the dependence on high salinities is inversely proportional to age. Larvae can be reared at salinity 20 with no harm on survival and growth. Juveniles can be cultured in freshwater without mortality, but their highest growth rate is achieved when they are reared at salinity 10.
 

Description:

Dissertação (mestrado)

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  • IO- Mestrado em Aquicultura (Dissertações)